quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Convite para a Exposição no MADP- FIDENE


Convite para Exposição Casa de Cultura Justino Martins, de Cruz Alta

Frente e verso do convite da exposição em Cruz Alta 

XII Celebração Ecumênica de Ação de Graças

Esta capa eu fiz no ano de 1996, para o programa da XII Celebração Ecumênica de Ação de Graças, cujo lema foi "Chamados para uma mesma esperança - o evangelho nas distintas Culturas", e o tema daquele ano foi: UNIDADE NA DIVERSIDADE
A arte foi uma solicitação do sempre lembrado, Frei Genésio Pereira da Silva.
No programa consta como 
Prelúdio: Musical Shalom -IECLB
Acolhida: Maria Regina S Ferreira
Hino Nacional: Banda Municipal Carlos Gomes
Motivação: Pastora Margarida Ribeiro - Igreja Metodista
Canto: Canção da Chegada (Etnias reunidas)
"Estamos aqui, Senhor
Viemos de todo lugar
Trazendo um pouco do que somos
pra nossa fé partilhar
Trazendo o nosso louvor
um canto de alegria
trazendo a nossa vontade
de ver um novo dia
Estamos aqui, Senhor
cercando esta mesa comum
trazendo ideias diferentes
mas em Cristo somos um.
E quando sairmos daqui
nós vamos para voltar
na força da esperança
e na coragem de lutar."
O Salmo Responsorial foi o 117, 100 e 133 - Frei Genésio - Igreja Católica
Apresentação: Coral Infantil da Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Oração: Pastor Doriano Schulz - Igreja Batista Independente
Leitura do Evangelho - João 17.9-11: Pastor Osvino Reschke - Igreja Evangélica Congregacional do Brasil
Leitura Bíblica: Padre Leão Gomes - Igreja Católica
Mensagem: Pastor Alvori Ahlert - Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil 
Ato de Compromisso: Padre Luis Kolling - Igreja Católica
Benção Faraônica: Padres e Pastores
Cântico: Graças Dou - Miguel Poffo e Tenisa Sarreta
Agradecimento: Maria Regina Ferreira
Poslúdio: Musical SHALOM
Coordenação: 1° Dama de Ijuí, Igrejas Cristãs de Ijuí, 36° DE, SMEC, SENAC, SESC

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Na Casa do Bispo: Beleza e Gostosuras em Exposição e Amigos na Circulação

 Cordeiro pascal - bolo encantador confeitado, recebido da Dona Norma Lemanski na Páscoa de 99, evidentemente virou modelo para os alunos antes de ser saboreado em família.
 Exposição permanente, meu trabalho, de artistas selecionados e peças esculpidas 
da arte em móveis Candotti, de Catuípe.
 Exposição de Mariza Schoebll, 
no tradicional estilo Bauermalerei 
 Meu trabalho e as molduras esculpidas pelos Candotti
 Recebendo a visita de escola na A Casa do Bispo
 Graça e carinho, Joice Lemanski e seus alunos.
 Exposição da pintura de Ada Domingues, 
cadeira Candotti.
Durante o tempo em que meu atelier funcionou no casarão Wichrówski, os vizinhos antigos me procuravam para relatar passagens encantadoras sobre a personalidade e atitudes fortes de Dom Walmor, que nessa época já estava recolhido em um retiro em Porto Alegre. 
O Bispo Dom Walmor foi o construtor do casarão na forma atual, mas sua família sempre morou naquela cercania, ele foi o idealizador da casa cuja graça principal eram os quatro salões integrados, um sótão retiro e porões compunham a planta interna exclusiva, sendo que a fachada era em estilo português colonial. O casarão chegou a  abrigar  temporariamente a Diocese, antes desta ir para Cruz Alta. Esta foto me foi fornecida por Dona Anita, irmã de Dom Walmor, na ocasião em que fui entrevistá-la antes de começar a restauração da casa, é de uma das ocasiões em que Dom Walmor esteve no Vaticano, aqui sendo recebido pelo Papa João Paulo II.

Meus Alunos na Casa do Bispo - atelier em Ijuí-RS

 Jairo, aluno de desenho
 Mara Tissot - aula de desenho
O estilista Clóvis e o arquiteto Luiz Fernando, alunos de desenho
 Suzana, aluna de desenho e pintura
A aluna e modelo Êmili Lemanski
 
Sara Dallabrida, aluna de pintura, 
ao lado, exposição do lançamento de 1999 dos  aromatizadores da In Art Parfum.

A Casa do Bispo Dom Walmor Battú Wischrówski - Meu Atelier


Segunda-feira, passa de meia noite, sentada em frente a lareira com as mãos a cheirar laranja. Laranjas e fumaça, é assim que começo a pintar toda noite, fogo na lareira, fogo que me aquece por fora, que me queima por dentro...
Labaredas iluminando laranjas cor de laranja e a cesta
de vime amarela com recortes e fotografias dentro.
O fogo por dentro e por fora,
 minhas mãos parecem metal líquido modeladas por fantásticas luvas transparentes,
pegam o pincel e fazem.
Vão saindo traços curvos, linhas retas, e mais retas, curvas novamente, as mãos param e me perguntam se vi, se aprendi como fazer.
Coloco a mão que agora é de gente de novo, em meu queixo duro, e respondo que sim.
Hoje acordei mais cedo e senti a presença do quadro que pintei sem ver. Passeio o olhar pela sala sem me prender nele, ainda tem que materializar mais um pouco.
Parece heresia eu avistá-lo, vamos que a matéria-cor não goste e
desapareça, não sei... se eu olhar mudará, talvez, de ordem, de forma.
O confronto da lembrança com a realidade, é esta a ansiedade, será, será que foi o calor da hora?
E meus filhos tomam o café da manhã... ah, se o mundo parasse! Parar o mundo -parado! A fumaça das chaminés, parada!
 O cachorro com a perna erguida ao lado do poste, na cara tranquila estampada a satisfação do banal, parado! Eis que o telefone põe o mundo em movimento berrando estridente, do outro lado do mundo a amiga que mora logo ali, responde o meu alô. Lembro que ontem, remexendo as brasas pensei em ti, como andará esta poetisa? Ligou tão cedo, falou, mas não disse. Olho os quadros destes dias, o das flores, o das mãos, o grupo de mulheres, somente mulheres, e ainda assim, lá estão todos, todos que conheço, homens e mulheres, com suas expressões sobre o rosto das mulheres nuas que pintei.
 Durante o dia não vou pintar, faço divulgação, tenho conversas, faço caminhadas.
Comprei lenha para o fogo indispensável na lareira arquitetada pelo construtor do casarão, o Dom Walmor Battú Wichrówski - o Bispo.
Esperarei pelos alunos para a aula da noite, com fogo alto. Hoje é dia de pagamento das mensalidades.
Na hora de começar a aula, faltou luz. A primeira aluna já chegou, chama-se Sara. Vem de outra cidade, esta comigo há dois anos, seus pais são agricultores, nas entre safras, trocamos aulas por produtos coloniais, ou a mãe de Mara, que é costureira, faz alguma coisa que eu esteja precisando. Dar aulas para Sara é uma riqueza. Quando sua mãe estava grávida pegou rubéola e ela nasceu surda. Sara é a pessoa mais radiante que conheço. A próxima a chegar é Suzana, que criou os filhos e estava procurando um hobby quando chegou ao atelier, a pretensão se alterou, e muito, de lá para cá sonha atelier, produz e cresce rápido. Está ambiciosa quanto ao futuro do seu trabalho.
A terceira a chegar é Ivana, é uma menina que os pais estão estimulando a fazer algo que eles também gostariam de fazer. Em seguida chega o Stefanello, ele é dentista, também de outra cidade, ex-seminarista, é um artista que optou por uma profissão estável paralela.
Mantenho-o informado do movimento cultural, da movimentação da Fundação Cultural e ele me fala das técnicas que aprendeu no seminário, às vezes me empresta suas ferramentas, hoje lhe pedi a serra elétrica. Quero fazer algumas experiências com madeira, na próxima aula ele trará.
Agora chega a última aluna, a Êmili, uma menina com várias meninas inquietas dentro de si, espírito moleque com a qual estou aprendendo a buscar e impor limites, ela tem dificuldade em se concentrar, e eu também, perto dela ninguém fica quieto, temos que ordenar o ritmo para que a melodia surja, é exercício mútuo. A luz não voltou, hoje Êmili trouxe sua mãe para ser modelo para a turma. Esperando que a energia retorne, acendo todas as velas, as dos castiçais também.
As meninas sentam-se no tapete, cada uma com um livro de poesias. Numa ordem que só elas conhecem, recitam, e nós, adultos, naufragados na penumbra de nossos oceanos particulares, sentindo as três meninas sentadas rodeadas de velas no blecaute da cidade, Êmili, doze anos, a super-ativa, Sara, quinze anos, natural no ambiente, trancendental, Ivana, treze anos, a tímida.
No final, três meninas... Êmili assustada – concentrou-se!  Ivana deixando ver a ponta do iceberg, e Sara alegria segura... Os adultos: Mara, assustada, refletindo assombro nas lentes do expressivo olhar que flutua sobre a gola alta do blusão felpudo. A modelo, a mãe de Êmili, cansada ao chegar pediu desculpas, sentia-se imprópria.  No final da aula que não aconteceu, está serena, suave, sentada no chão, perto de um castiçal desenha caracóis azuis no papel cançon. Stefanello, que saiu para negociar os créditos da faculdade da filha na universidade, retorna em meio ao sarau das meninas. Sentou-se sem fazer barulho, no final de cada poema, sorria calmo, mas seus olhos soltavam chispas.
Eu, talvez uma zeladora do espaço, ou a timoneira da imensa embarcação cultural fantasma que navega por esses ares, um coelho preto, uma pessoa que adora gente, uma não sei exatamente o quê, e nem se saberei um dia...talvez...sim, naquela noite era a timoneira do tal navio que de vez em quando se acopla em algum lugar que sirva palpitar com energia emprestada.
A noite foi perdida, ninguém melhorou a técnica do desenho da figura humana, nem pagou a mensalidade.
A noite foi maravilhosa e inesquecível.
Todos se foram, a luz voltou.
Na madrugada, em frente a lareira acesa descasco uma laranja e jogo as cascas no fogo, as chamas se avivam e a pele do meu rosto começa a encolher.
Hoje não vou pintar.
Julho de 1999 -


Foto 1-Cartão do Bispo Dom Walmor Battú Wichrówski, o construtor da casa que foi temporariamente Diocese, Dom Walmor foi o idealizador e construtor do casarão que no final dos anos 90, já como propriedade dos Drs. Luiz e Marília Thomé da Cruz, restaurei para instalar meu atelier.
Foto 2: A modelo Êmili Lemanski posa para alunos das terças-feiras
Clique no link para ouvir Reflections of Passion, o som que vibrava nos quatro salões integrados da Casa do Bispo, era com ele que eu recebia os alunos.

http://youtu.be/eSyZ9t05a-w