Sua pintura não se prende a um estilo definido. As pinceladas mostram uma mistura de surrealismo e cubismo, sensível e observadora, qualquer coisa pode estimular a criatividade da artista. Suas fontes de inspiração podem ser encontradas na natureza (como uma simples cigarra morta que ficou agarrada em um tronco de uma árvore e virou parte de um trabalho matérico), ou no convívio humano. Dos domínios do desenho, Giane aproveitou o traço firme. Nas telas, a s figuras pintadas a óleo ganham nova dimensão que evidencia a técnica apurada e, ao mesmo tempo fazem ângulos nas formas desafiadoras. Ela conta que pinta desde sempre. A explicação teórica que dá para esta afirmação aparentemente implausível evidencia a confusa e até indiferente relação que a maioria das pessoas tem com o meio que as cerca.
“Enxergo assim desde que lembro de pegar um brinquedo -podia ser um bichinho - e estudava a parte anatômica dele.”
Ou seja, o intercâmbio com o mundo que nos rodeia sempre existiu, e não cessa nunca. Apenas alguns não se dão conta da possibilidade.
Para Giane, o começo do fazer artístico “foi natural”. Dos retratos pintados a carvão à descoberta das cores e de outras formas de expressão artística que fazem parte da sua constante pesquisa em busca do novo, aí se explica suas diversas vertentes, que podem leva-la a entrar numa fundição, universo tipicamente masculino, para manusear com habilidade, instrumentos que vão dar o acabamento desejado nas sucatas que nas suas mãos, se transformam em arte.
“A verdadeira arte é a labuta para se chegar a uma nova coisa a partir da matéria”, observa.
Em seus quadros que alguns críticos dizem que mescla o sagrado e o profano, a vida e a morte, as cores fortes e vibrantes reproduzem o que se passa no aspecto social. “A leitura que faço da realidade passa antes pela percepção do espiritual. Eu busco retratar o espirito através da matéria.”
Escrito por Neri Malheiros, publicado no Diário Serrano
da cidade de Cruz Alta, Rio Grande do Sul
Foto: Deposição da Cruz - óleo sobre tela exposto na
Casa de Cultura Justino Martins, Cruz Alta.
Integra a coleção de Elizabeth Sartóri El Ammar
Nenhum comentário:
Postar um comentário